Quem diagnostica TDAH?

Entenda quem pode identificar e tratar o transtorno corretamente

Quem diagnostica TDAH?

O diagnóstico de TDAH — Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade — ainda é cercado por muitas dúvidas, mitos e informações desencontradas. Algumas pessoas acreditam que basta observar comportamentos agitados ou distraídos para “saber” que alguém tem o transtorno. Outras pensam que só médicos podem fazer esse diagnóstico. Mas afinal, quem realmente está habilitado para diagnosticar o TDAH?

A resposta envolve uma combinação de fatores: formação profissional, experiência clínica e, principalmente, um olhar cuidadoso sobre o contexto e a história de vida do paciente. Neste artigo, vamos esclarecer essa questão de forma embasada e acessível — para que você possa entender, com segurança, como funciona o processo diagnóstico e quem são os profissionais mais indicados para isso.

O que é TDAH?

Antes de falar sobre o diagnóstico, é importante entender o que é o TDAH. Trata-se de um transtorno neurobiológico que afeta diretamente as funções executivas do cérebro, como foco, organização, regulação emocional, memória de trabalho e autocontrole.

Ele pode se manifestar de três formas principais:

Predominantemente desatento: dificuldade de manter a atenção, esquecimento, desorganização;

Predominantemente hiperativo/impulsivo: agitação constante, impulsividade, dificuldade de esperar ou manter-se parado;

Tipo combinado: quando há presença significativa de sintomas dos dois grupos.

O TDAH não é “falta de limites” ou “preguiça”. É um transtorno real, reconhecido por manuais internacionais de saúde mental como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças).

Quem pode diagnosticar TDAH?

O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, feito com base em entrevistas, observações e critérios diagnósticos específicos — e não por exames laboratoriais. Isso significa que nenhum teste de sangue ou exame de imagem “mostra” se uma pessoa tem TDAH. Por isso, é fundamental que o profissional tenha formação adequada para avaliar o quadro de forma profunda e contextualizada.

  1. Psiquiatra

    O médico psiquiatra é um dos profissionais mais indicados para diagnosticar TDAH. Por ser formado em medicina, ele pode avaliar a saúde geral do paciente, investigar outras causas possíveis dos sintomas (como distúrbios do sono, questões hormonais ou neurológicas), além de prescrever medicamentos quando necessário.

    No caso de crianças, o psiquiatra infantil é especialmente preparado para lidar com os sintomas de TDAH desde a infância, diferenciando comportamentos esperados da idade de sinais clínicos do transtorno.
     
  2. Neurologista

    Alguns neurologistas, especialmente os especializados em neurologia infantil, também podem diagnosticar TDAH, sobretudo quando há suspeitas de outras alterações neurológicas associadas.

    Entretanto, é importante que esse profissional tenha experiência com saúde mental, pois o TDAH exige uma análise que vai além da função cerebral pura — envolve também aspectos emocionais, sociais e comportamentais.
     
  3. Psicólogo

    O psicólogo não é um profissional da medicina, portanto não pode prescrever medicamentos, mas está plenamente habilitado para realizar avaliações psicológicas e neuropsicológicas que ajudam a identificar a presença de TDAH.

    Através de entrevistas clínicas, aplicação de testes padronizados e análise do histórico de vida do paciente, o psicólogo pode construir um laudo psicológico que oferece subsídios importantes para o diagnóstico médico. Em muitos casos, o diagnóstico mais preciso vem da colaboração entre psicólogo e psiquiatra.

O que envolve uma avaliação diagnóstica?

Diagnosticar TDAH exige tempo, cuidado e atenção aos detalhes. Não se trata de aplicar um teste rápido online ou fazer suposições com base em comportamentos pontuais. Um diagnóstico responsável geralmente envolve:

  • Entrevista clínica detalhada, com o paciente e, quando possível, com familiares ou cuidadores;
  • Histórico de desenvolvimento, desde a infância até a fase atual;
  • Avaliação dos contextos de vida (familiar, escolar, profissional, social);
  • Aplicação de escalas e testes psicológicos (quando feito por psicólogos);
  • Exclusão de outras causas possíveis dos sintomas;
  • Identificação de comorbidades, como ansiedade, depressão, dislexia, entre outras.

Vale lembrar que o TDAH pode ser confundido com outras condições ou até mesmo coexistir com elas. Por isso, o diagnóstico diferencial é essencial para garantir um tratamento adequado.

Diagnóstico infantil vs. diagnóstico em adultos

O TDAH geralmente se manifesta na infância, mas muitos adultos só recebem o diagnóstico mais tarde, quando buscam ajuda por dificuldades persistentes de concentração, procrastinação, desorganização ou impulsividade.

O processo diagnóstico em adultos é um pouco mais complexo, pois envolve resgatar a história de vida e identificar sintomas que estavam presentes desde a infância (um dos critérios do DSM-5). Em ambos os casos, o acompanhamento especializado é essencial para evitar diagnósticos errados ou incompletos.

E depois do diagnóstico?

Receber o diagnóstico de TDAH pode ser um alívio para muitas pessoas — afinal, dá nome a algo que estava sendo vivido, muitas vezes, com culpa ou frustração. Mas o diagnóstico é apenas o começo.

O tratamento geralmente envolve abordagem multidisciplinar, incluindo:

  • Psicoterapia (principalmente com psicólogos que trabalham com TCC ou neuropsicologia);
  • Psicoeducação, para entender como o transtorno funciona;
  • Intervenções comportamentais (especialmente com crianças);
  • Acompanhamento médico, com ou sem uso de medicação;
  • Adaptações escolares ou no trabalho, se necessário.

Cada caso é único, e o plano de tratamento deve ser individualizado, respeitando a realidade e as necessidades da pessoa.

Diagnóstico não é rótulo — é ferramenta de cuidado

É comum que algumas pessoas tenham medo do diagnóstico por acharem que ele é uma forma de “rotular” ou limitar alguém. Mas, na verdade, quando feito de forma ética e responsável, o diagnóstico é uma ferramenta de autoconhecimento e cuidado. Ele permite que a pessoa compreenda melhor sua forma de funcionar e desenvolva estratégias para viver com mais equilíbrio e qualidade de vida.

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas como desatenção crônica, dificuldade de organização, impulsividade ou agitação excessiva, é fundamental procurar avaliação profissional. Um psicólogo ou psiquiatra especializado pode ajudar a entender o que está acontecendo e, se for o caso, iniciar o processo de diagnóstico e tratamento. Não é sobre rotular, é sobre cuidar — e isso faz toda a diferença na trajetória de quem convive com o TDAH.

Aqui, na plataforma Eu Terapeuta, você encontra psicólogos capacitados para realizar avaliações e oferecer acompanhamento especializado para TDAH em diferentes faixas etárias. Se estiver em dúvida por onde começar, esse pode ser um ótimo primeiro passo rumo à compreensão e ao equilíbrio emocional.